Marina Correia conta como foi o acidente que quase impediu Rodrigo Minotauro de andar novamente
A vida dos lutadores Rodrigo Minotauro e Rogério Minotouro foi pautada por grandes sucessos e vitórias, mas também por muita dor. As contusões causadas pelo impacto do esporte, cirurgias complicadas e um acidente que, aos 11 anos, quase condenou Minotauro a uma cadeira de rodas são alguns dos episódios lembrados por Marina Correia, mãe dos lutadores, na biografia Meus filhos Minotauro & Minotouro (Planeta, 148 pp, R$ 24,90).
No livro, a Marina relembra diversos momentos da vida dos gêmeos: do nascimento ao estrelato, passando por momentos de alegria, companheirismo, dificuldades e tensão. A mãe fala da amizade e da união dos irmãos em todos os momentos, desde as travessuras de criança até a carreira no octógono, fala da vida no Brasil e no exterior e sobre a participação em lutas do WEF (World Extreme Fighting), Rings, Pride, HCF (Hardcore Championship Fight), Affliction, Jungle Fight, Gladiator e UFC (Ultimate Fight Championship).
O leitor terá ainda um caderno de imagens, com fotos que contam a história dos lutadores, além das fichas técnicas de cada um dos irmãos, com peso, altura, modalidades e o histórico de lutas e títulos conquistados.
Marina, que atualmente mora na Flórida (EUA), conta como se dedicou ao aprendizado de técnicas da medicina chinesa, que ela aplica hoje no tratamento de lesões e no treinamento de seus filhos e outros lutadores.
A origem do apelido e o começo de tudo
Aos quinze anos, Rodrigo e Rogério se mudaram de Vitória da Conquista (BA) para a casa da avó materna, em Salvador, e começaram a frequentar uma academia próxima ao local onde moravam. “Para admiração dos colegas e professores, ambos eram muito aplicados nos treinos e rapidamente se destacaram. Um dos colegas do Rodrigo o apelidou de Minotauro por sua enorme força física”, conta Marina. Na mitologia grega, Minotauro é um monstro com corpo de homem e cabeça de touro.
Foi nessa época que os dois começaram a participar de campeonatos amadores de jiu-jítsu e os troféus começaram a fazer parte da vida da família. “Eu havia me mudado para os Estados Unidos há um ano e meio, para iniciar meus estudos na área da saúde, quando meus filhos me mandaram uma foto com um troféu que ganharam em Salvador. Na foto, estavam minha mãe e toda a família comemorando!”, relata a autora, orgulhosa.
Os lutadores também dançam
Em 2012, Minotauro participou do quadro Dança dos Famosos, no programa Domingão do Faustão (TV Globo). Mas essa não foi a estreia do lutador nos palcos. Quando ainda morava no Brasil, Marina criou uma escola de dança na qual dava aulas de balé clássico, moderno e sapateado. “Convidei Rogério e Rodrigo, na época com 12 anos, para participarem em uma das coreografias. ‘Não vamos, é balé!’, disseram. Ao que retruquei: ‘Não, é uma dança flamenca. Vocês vão participar de uma luta de espadas. Consegui convencê-los”, relembra Marina.
Racismo
Depois de ganhar campeonatos regionais e em nível nacional, Rodrigo foi para os EUA competir no Campeonato Pan-Americano de Jiu-Jítsu. “Apesar de a luta ter sido muito difícil, pois seu oponente já era um lutador de vale-tudo, Rodrigo venceu, e assim entrou pela porta da frente nos Estados Unidos”, descreve a mãe. Mas nem tudo foram flores para Rodrigo no início da carreira nos EUA. “Foi numa viagem, ao norte dos Estados Unidos, depois de uma luta vitoriosa, que notei que Rodrigo estava muito triste. Perguntei o que havia acontecido. Ele me disse que não tinha gostado do que gritaram para o seu adversário: ‘Mata esse negro, tailandês!’. Rodrigo estava magoado com a agressividade racista que demonstraram contra ele”, conta Marina.
Sobre a autora
Marina Correia, mãe de cinco filhos, é dessas mulheres que teve que se reinventar para viver. Quando ainda morava em Vitória da Conquista, no interior da Bahia, foi professora de educação física e dona de uma escola de dança, mas foi na medicina chinesa que se encontrou profissionalmente. Há 22 anos mora nos EUA, onde é proprietária de uma clínica.