Montagem marca os 45 anos de história do grupo, que chega com uma obra que transcende tempo e espaço
O Grupo TAPA, prestes a completar 45 anos de história em junho, debruça-se em mais um clássico de Anton Tchekhov (1860-1904). Com direção de Eduardo Tolentino de Araujo, "Tio Vânia" estreia no Sesc Santana com tradução da peça diretamente do russo pelo próprio diretor, além de ganhar uma edição da Edusp na coleção Em Cena.
“Todo mundo tem um Tio Vânia, que nas festas familiares diverte as crianças com truques e comentários escatológicos e aos adultos com piadas picantes que, ao subir do teor etílico, vão se tornando ácidas, até ficarem desagradáveis por colocar o dedo em feridas ocultas da família. Ser parente não é prerrogativa, ele é chamado de Tio pelos amigos do sobrinho. Sua condição inerente é ser tio. Ele é o homem comum, atolado em dívidas, exaurido pela mediocridade a sua volta, descrente da política e cansado dos discursos e teorias inexequíveis. Tio Vânia são os nossos vizinhos, ou melhor, nós mesmos, com nossas frustrações. Todo Tio Vânia tem um amigo para discutir, polemizar, divergir e com isso se manter vivo e cativar a atenção da plateia familiar”, salienta Tolentino.
Escrita em 1896, a trama mostra o proprietário de terras, Ivan (Vânia); sua sobrinha Sônia e Astróv, o médico da família, e suas vidas desestabilizadas após chegada do célebre professor Serebriakóv, agora aposentado, e de sua jovem e bela esposa Helena.
Polarizações ideológicas, contendas familiares, emancipação feminina, a hipocrisia da fidelidade conjugal se cruzam por fios invisíveis do texto que transcende seu tempo, espaço, além de uma reflexão sobre o meio ambiente, que situa a obra de Tchekhov no aqui e agora.
O diretor ainda ressaltou os temas que circulam em torno da trama. “Entre as várias camadas, duas questões acabam girando entre os personagens: A terra como propriedade privada e a terra como propriedade da humanidade. A história gira em torno de uma família que briga pela posse da terra e um personagem que reforça a questão do reflorestamento e esgotamentos dos rios. Em meio a isso, existem as relações amorosas que vão se misturando. São reflexões que dialogam em cheio com a atualidade que vivemos”.
Uma das marcas do dramaturgo é o equilíbrio entre os personagens, nenhum se sobrepõe ao outro, todos têm a mesma importância para atingir o resultado final da obra.
Serviço
Teatro Sesc Santana
Av. Luiz Dumont Villares, 579 - Santana, São Paulo - SP, 02085-100
De 10 de maio a 16 de junho. Quinta a sábado, às 20h. Domingo às 18h.
Sessão extra, sexta-feira, 31 de maio, às 15h.
Capacidade: 330 lugares
Ingressos: R$50 (inteira), R$25 (meia-entrada) e R$15,00 (credencial plena).
Nenhum comentário:
Postar um comentário