Modelo teve todo o processo de desenvolvimento, desde o projeto de estilo da carroceria aos protótipos, a cargo de engenheiros e técnicos brasileiros
Em 1973 a Volkswagen apresentava ao publico o modelo Brasilia, reconhecido na época pela fabricante como “uma nova tendência estilística para o automóvel brasileiro”.
Cinco décadas depois, a Volkswagen comemora o Brasilia, batizado na ocasião para homenagear a capital nacional, e mostra detalhes da unidade guardada cuidadosamente em sua Garagem, na Fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo.
Existem carros raros, de valores inestimáveis. E existe o Brasilia 1982 do acervo da Garagem VW. Essa unidade, uma das últimas produzidas antes do fim do modelo, saiu diretamente da linha de produção para as salas da engenharia da Volkswagen do Brasil. Nunca emplacado, o modelo mantém toda sua originalidade e tem exatos 460 quilômetros marcados em seu hodômetro. Seu motor é um 1.6 a gasolina e carburação dupla.
Entre os destaques da unidade, pintada na cor metalizada Verde Mármore, estão o interior com revestimento vinílico nas portas e laterais de bancos, os detalhes em madeira no painel e até um simpático relógio do lado esquerdo do quadro de instrumentos. A versão LS também ostenta acendedor, bancos dianteiros com encosto para a cabeça e desembaçador traseiro.
Em quase 10 anos de produção, o Brasilia atingiu a marca de 1 milhão de unidades fabricadas em seu sétimo ano de mercado. Foi o segundo veículo a conquistar tal feito – o primeiro foi o Fusca. Seu projeto começou ainda no início da década de 1970, com estudos e testes. O ponto de partida foi a plataforma mecânica da linha VW-1600, mas sua diretriz era clara: o mercado precisava de um veículo totalmente novo em estilo, em desempenho e de preço competitivo.
O primeiro passo foi a definição preliminar do estilo do veículo, sendo aprovado pelo então presidente da Volkswagen, Rudolf Leiding, e fruto do traço do designer Marcio Piancastelli. O veículo concebido tinha o seu ponto marcante no tamanho do para-brisa dianteiro, de dimensões realmente incomuns para a época. Fato curioso é que os técnicos chegaram às primeiras medidas visando o estabelecimento das dimensões aproximadas que o veículo teria, adotando como padrão de medida um boneco com o tamanho exato de um brasileiro médio.
Vale ressaltar também que, absolutamente todo o processo de desenvolvimento do veículo, desde o projeto de estilo da carroçaria aos protótipos, esteve a cargo de engenheiros e técnicos brasileiros.
De linhas retas e equilibradas, o Brasilia inaugurava uma nova tendência estilística para o automóvel brasileiro. Sua concepção obedeceu ao mais atualizado e racional design da indústria automobilística europeia da época. Ainda seduzia amantes das viagens pelo grande porta-malas dianteiro de 135 litros e pelo bagageiro interno, que possuía 273 litros com a possibilidade de alcançar até 970 litros.
O responsável por fazer mover o Brasilia era o motor 1.600 cm³ de 60 cv. Em 1975 veio a versão com dois carburadores, elevando a potência para 65 cv. O modelo já trazia recursos de segurança como painel acolchoado, freios a disco na dianteira, trava especial no capô dianteiro e estrutura já desenvolvida para absorver a energia cinética em caso de colisão, preservando o habitáculo e a segurança dos ocupantes.
Foi exportado para mais de 25 países, incluindo México, Venezuela, Portugal e Nigéria, seus principais mercados. Saiu de cena em março de 1982, deixando uma legião de fãs até os dias de hoje.
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