Júlio Prestes abriga tradição e modernidade musical de raízes africanas
Palco promete ser dos mais dançantes da Virada, com uma programação ligada ao afrobeat, ao jazz e ao highlife no sábado
Entre os destaques do sábado, o guitarrista de Gana Ebo Taylor e os nigerianos Seun Kuti & Egypt 80
Os jamaicanos do Toots and The Maytals e dos The Abyssinians mostram a tradição do reggae
Gilberto Gil fecha a programação às 18h
É certo: quem passar pelo palco Júlio Prestes na Virada Cultural de 2012 vai dar pelo menos uma dançadinha. É que, nas 24 horas de programação, passarão por lá alguns dos maiores nomes da música do mundo ligados ao afrobeat, ao highlife (ritmo nascido em Gana que mistura guitarras e metais do jazz na moderna música africana, que inspirou a rebeldia orquestral do afrobeat), ao reggae, ao ska e aos ritmos afrobrasileiros.
Pianistas, bateristas, guitarristas, cantores e orquestras representativas de diversos movimentos e gêneros que nasceram na África, na Jamaica e no Brasil estarão presentes a esse palco inédito. “Quando pensamos a programação, tentamos prestar atenção ao que acontece na cidade, ao que as pessoas estão freqüentando e aos interesses emergentes”, diz o programador da Virada, Zé Mauro Gnaspini. “A cena musical de São Paulo hoje bebe muito nessa fonte do afrobeat”, explica.
Durante o sábado, o destaque fica para o filho mais novo de Fela Kuti, Sean Kuti, que encontra a Egypt 80, orquestra que por muitos anos acompanhou seu pai apresentando seu último álbum, “From Africa with Fury: Rise”, produzido por Brian Eno. Eles fecham uma sequência que inclui o pianista Ray Lema (Congo) acompanhado pela Orquestra Jazz Sinfônica, o guitarrista Ebo Taylor (Gana) e o baterista Tonny Allen (Nigéria).
A noite e madrugada dedicadas ao afrobeat se encerram com a apresentação da big band paulistana Bixiga 70, cujo nome homenageia tanto a banda de Fela Kuti Africa 70 quanto o estúdio no qual muitos dos integrantes trabalham, no coração do bairro do Bixiga. A banda funde o melhor da herança desses grandes nomes africanos aos tambores de terreiros, samba e traz improviso e dança para completar essa bela mistura, cujo primeiro disco foi lançado em 2011.
Para começar um dia dedicado ao reggae e aos ritmos afro-brasileiros, Katchafire, banda sensação do reggae formada por maoris, os índios da Nova Zelândia, trazem suas composições muito apreciadas pela galera do reggae e do surf.
Lazzo Matumbi, voz que surgiu do Ilê Ayê na Bahia e vem conquistando o mundo há 30 anos, mostra sucessos de seus sete álbuns, como “Alegria da Cidade”, “Me Beija” e “Do Jeito que Seu Nego Gosta”.
Duas autoridades do reggae mundial, as bandas jamaicanas Toots and The Maytals e The Abyssinians, ambas nascidas na década de 60, dão o tom do domingo à tarde. E, para fechar esse mix de influências africanas, jamaicanas e brasileiras, ninguém melhor que Gilberto Gil, o camaleônico brasileiro que foi influenciado por todas elas, em diferentes medidas e momentos de sua carreira. Gil faz um show repleto de grandes sucessos de sua carreira.
Paralelamente, no Relógio da Estação, o grupo Ares fará, em três horários diferentes – sábado 20h, domingo, às 4h e às 17h – a intervenção aérea Djembefolá. Nela, surgirão do alto da torre da estação tambores e figuras fantásticas inspiradas na dança, na música e nas entidades afro, que caminharão pelo ar.
Confira a programação e saiba um pouco mais sobre as bandas:
18h - Ray Lema (Congo) e Orquestra Jazz Sinfônica – Parceiros já de outras ocasiões, os músicos se encontram novamente para mostrar, pela primeira vez, o resultado do CD que gravaram juntos e foi lançado na Europa. Ray Lema é pianista, guitarrista, cantor e compositor, um dos maiores nomes do jazz, pop e world music. A Orquestra Jazz Sinfônica é um conjunto sinfônico acrescido de uma jazz band que se propõe a dar um tratamento sinfônico ao repertório brasileiro e universal. Já tocou com nomes como Milton Nascimento, João Bosco, Caetano Veloso, Hermeto Paschoal, Egberto Gismonti, John Pizzareli e Diane Schur.
20h30 – Ebo Taylor (Gana) – O guitarrista, figura histórica do highlife (mistura guitarras e metais do jazz na moderna música africana), e um dos maiores nomes da África na história do afrobeat, jazz e funk das últimas décadas nasceu em 1935, numa família de pescadores. Desde cedo tocou guitarra e, aos 27 anos, foi estudar em Londres, onde conheceu e se tornou amigo de Fela Kuti, pioneiro do afrobeat. Gravou em 2010 o disco “Love and Death” com a Afrobeat Academy.
00h – Tony Allen (Nigéria) – Virtuose das baquetas, era uma espécie de maestro arranjador da banda de Fela Kuti. Iniciou sua carreira musical na década de 60, influenciado por bateristas como Art Blakey e Max Roach. Seu estilo é influência para músicos como Randy Weston, Air, Charlotte Gainsbourg e Grace Jones, entre tantos.
02h30 – Seun Kuti & Egypt 80 (Nigéria) – Filho caçula de Fela Kuti, é tão vigoroso e frenético quanto o pai no palco. Vem acompanhado da banda que por muitos anos acompanhou Fela, a Egypt 80, com quem Seun gravou dois discos e que mantém vigorosa a vertente musical que consagrou seu pai. Apresenta seu último álbum, “From Africa with Fury: Rise”, produzido por Brian Eno.
05h – Bixiga 70 – A big band é formada por dez músicos paulistanos, amantes de afrobeat e de bandas como Africa 70 (que acompanhou o pioneiro do gênero Fela Kuti). Eles se conheceram no estúdio Traquitana, número 70 do bairro do Bixiga, berço do samba paulistano, e decidiram formar a banda, que junta a música cosmopolita de Gana e Nigéria com os tambores dos terreiros e do samba. No show, composições instrumentais autorais super dançantes de seu disco de 2011, com elementos de música brasileira, latina e africana.
08h – Katchafire - Formada por "maoris" (indígenas da Nova Zelândia), a banda é formada por Tere Ngarua (baixo), Jordan Bell (bateria), Jamey Ferguson (teclado, sax, vocais), Haani Totorewa (teclado e vocal), Logan Bell (violão, vocal principal), Grenville Bell (guitarra) e Leon Davey (voz, percussão). O grupo já lançou quatro álbuns, sendo o mais recente de 2010, e virou referência dentro do cenário reggae mundial, com sucessos como “On The Road Again”, “One Stop Shop”, “Groove Again”, “Reggae Revival”, “Now Girl” e “Get Away”.
10h30 – Lazzo Matumbi – Conhecido como “a voz da Bahia”, dono de um potente vozeirão no estilo soul e blues, Lazzo começou a carreira em 1981 como atração do Ilê Ayê. São mais de 30 anos de carreira e sete álbuns, nos quais difundiu o reggae e a música baiana e fez sucessos como “Alegria da Cidade”, “Me Abraça e Me Beija” e “Do Jeito que Seu Nego Gosta”.
13h – Toots and The Maytals (Jamaica) – Banda jamaicana considerada umas das mais emblemáticas dos gêneros ska e reggae, aos quais agrega de uma maneira original elementos do gospel, do soul e do rock. Influenciou artistas tão variados quanto Ammy Winehouse e Sublime. A banda ganhou um Grammy em 2005 por “True Love”, considerado o melhor álbum de reggae. Toots já se apresentou com os Rolling Stones, Dave Matthews e Sheryl Crow.
15h30 – The Abyssinians (Jamaica) – Fundada em 1968 por Donald Manning, Bernard Collins e Linford Manning, o nome da banda faz referência à Abissínia, antigo nome da Etiópia. Seu grande sucesso, “Satta Massagana”, lançada em 1971, virou um dos primeiros e mais importantes hinos Rastafari e foi influência para outros gêneros, como o primeiro dancehall dos anos 70. A banda se separou em 1980 e voltou em 2004 e conta ainda com outros sucessos, como “Declaration of Rights”.
18h – Gilberto Gil – Um dos maiores artistas da música popular brasileira, Gil fez parte de tanto de movimentos marcantes da cultura brasileira, como a Tropicália dos anos 60, quanto transformou seu próprio som inúmeras vezes, como se viu nos discos da Trilogia “Refazenda” – “Refavela” e “Realce”, que abriria sua música para uma vertente pop, nos anos 80.
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