Tetê Espíndola, por Carlos Navas
Pioneira do regionalismo nos grandes centros, a sul matogrossense Tetê Espíndola chegou a São Paulo no final dos anos 70. Com três dos seus sete irmãos (Geraldo, Celito e Alzira), lançou o LP “Tetê e o Lírio Selvagem” em 78, pela Polygram, iniciando aí um caminho discográfico marcado pela inquietude, ousadia e experimentalismo.
Dois anos depois (1980), foi a vez de “Piraretã”, seu primeiro álbum solo. Nele, a estreia de Almir Sater em estúdio e a primeira composição gravada de Arrigo Barnabé, “Tamarana”, parceria com seu irmão, Paulo. “Vida Cigana”, de Geraldo Espíndola, se tornou um carro chefe, presença constante em seus espetáculos, mas do repertório do disco também faziam parte as releituras (sempre personalíssimas) de “O Cio da Terra” e “Refazenda”.
O encontro com Arrigo, fundamental para ambos, foi sacramentado na valsa “Londrina”, apresentada no MPB Shell 81, uma das primeiras aparições televisivas da chamada “Vanguarda Paulista” em rede nacional, e lançada em compacto simples. Em 1982, o LP “Pássaros na Garganta” (Som da Gente), tornou-se um marco em sua carreira e nesta música contemporânea e diferenciada. Batizado com o comentário do poeta Augusto de Campos, que se fascinara com a voz de Tetê, o álbum completa 30 anos e terá um relançamento em CD em 2012. Dele, destacam-se “Ibiporã” (de Arrigo) e “Sertaneja”, valsa lançada por Orlando Silva que Tetê tomou para si numa interpretação muito elogiada.
O contato com a popularidade e grande vendagem/execução aconteceu em 1985, quando venceu o “Festival dos Festivais”, promovido pela Rede Globo, com “Escrito nas Estrelas”, de Arnaldo Black e Carlos Rennó, lançada em Disco Mix, cujo lado B remetia, mais uma vez, à memória musical, através do clássico “Linda Flor” (Ai Ioiô).
No ano seguinte, o LP “Gaiola” trouxe um inspirado dueto com Ney Matogrosso na aliterante “Na Chapada”, dela e Carlos Rennó. “Pô, Amar é Importante”, de Hermelino Neder, foi também hit radiofônico e trilha do longa metragem “Cidade Oculta”, gravada com Arrigo. O cinema é capitulo especial em sua caminhada. Já em 1987, ela contracenara na telona com a principal personagem de Mauricio de Souza, em “Monica e a Sereia do Rio”, que trazia criações suas e de Arnaldo Black, entre as quais , “Coração Doidinho”. A pesquisa sobre os sons dos pássaros da Amazônia e do Pantanal, premiada pela Fundação Vitae, resultou no disco independente “Ouvir” (1991), e a levou a vários cantos do Brasil com suas canções instrumentais vocais, sem letra. O blues “Tinguaçu” era marco destes espetáculos, com uma interatividade entre pássaro e platéia que só Tetê sabia promover. Baladas como “Ajoelha e Reza” e “Nossos Momentos”, da lavra de Black/Rennó foram gravadas no CD “Só Tetê” (Cameratti/1994), com direção musical de.....Arrigo Barnabé.
“Canção do Amor”, “Anahí” (delicado álbum dividido com Alzira E repleto de canções da fronteira), “Voz, Voix, Voice” e “Zen Cinema” são discos marcantes, consumidos por um público atento e fiel e o coletivo “Espíndola Canta” reuniu gerações distintas deste clã musical em “Poema da Lesma”, de Tetê e Manoel de Barros. “Evaporar” (2007), trabalho acústico gravado ao vivo em sua Campo Grande natal, incluía apenas composições próprias, como “Amor de Graça” e retoma o fio da meada, onde tudo começou.
É esta trajetória fonográfica que soma 33 anos da melhor estranheza, inconformismo e dessemelhança, que a artista reúne num show comemorativo, ao lado de Adriano Magoo (piano/sanfona). Para ouvidos afinados, curiosos e, acima de tudo, sensíveis.
TETÊ ESPÍNDOLA
TOM JAZZ
Avenida Angélica nº 2331 – Higienópolis
Telefone: (11) 3255-0084
www.tomjazz.com.br
Dia: 11 de novembro de 2011
Couvert Artístico: R$ 40,00
Horários de show: 22h00
Capacidade: 200 pessoas sentadas
Censura: 18 anos
Duração: Aproximadamente 1h30
Abertura da casa: 2h antes do espetáculo
Formas de pagamento: Dinheiro / Cheque / Todos os Cartões (Débito e Crédito)
Estacionamento com manobrista: R$ 15,00
Ar condicionado
Acesso para portadores de necessidades especiais
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