Com patrocínio Natura artista grava CD inédito e faz show de lançamento em São Paulo dias 17 e 18 de novembro no Sesc Pompéia
Texto de Kiko Ferreira
A Lô o que é de Lô. O grande melodista, o artesão das soluções harmônicas desconcertantes exibe grande forma em Horizonte Vertical *, belo nome para um disco típico de um artista com geometria própria. Retoma seus caminhos criativamente tortuosos, inesperados, num disco solar, dedicado à geração de seu filho, Luca.
Como artilheiro que assume a responsabilidade da vitória, ele marca uma dúzia de gols de placa num disco em que vence desafios com elegância de craque.
Gravado em oito meses de trabalho intenso, reflete bem a tática que Lô resolveu adotar nos anos 2000. "Descobri que tinha poucos discos de inéditas", contabiliza. "Decidi deixar um pouco a estrada e investir na composição." O resultado: desde o disco "Um Dia e Meio" (2003), Lô dobrou a produção como autor.
E neste Horizonte Vertical acabou fazendo, porque as canções pediam seu primeiro disco de inéditas com participações. Da quase onipresente Fernanda Takai, que ele convidou porque ouvia sempre uma voz feminina enquanto compunha, e se tornou membro ativo da banda, com direito a vocais tais sofisticados em uma das faixas, que provocou a frase lapidar: "essa mulher sabe muito de música". Vindo de um dos mais competentes e respeitados autores da música brasileira um baita elogio.
Outra presença constante da carreira atual de Lô é Samuel Rosa, com quem ele divide um show campeão e com quem tem uma convivência quase sempre transformada em canções. Os dois vão se revezando em harmonias e melodias, em dribles e passes que vão construindo a música como jogada de mestres. Enquanto comem pão de queijo e ouvem o barulho dos filhos jogando futebol.
A terceira e mais ilustre participação é do padrinho musical Milton Nascimento, indispensável na faixa "Mantra Bituca", uma homenagem à amizade e à parceria que duram quatro décadas.
Se no disco anterior, e na maioria dos anteriores, ele compôs a maior parte das músicas ao violão, desta vez ele usou o piano, instrumento generoso que chama de "minha nascente do São Francisco". "No piano, muitas músicas chegam prontas, como On Venus , que eu compus em trinta minutos e baixou inteira."
Registrado no Ultra Estúdio, em Belo Horizonte, e com parte mixada e inteiramente masterizado no TurtleTone Studio, em Nova York, por Michael Fossenkemper, o disco tem concepção simples. Depois de testar fazer o disco com banda completa, nas primeiras sessões, Lô optou por gravar com apenas dois músicos - Barral e Robinson Matos, com camadas e temperos acrescentados ao longo do processo.
Nas letras, parceiros tradicionais, que jogam por música, como Márcio Borges, Ronaldo Bastos e Nando Reis. Mas a principal foi Patricia Maês, escritora e musicista, que em apenas dois dias compôs cinco letras. E acabou definindo o tom do disco: uma coleção memorável de canções de amor.
Se alguém identificar, aqui e ali, aquele toque Beatle, está certo. O trabalho começou com um núcleo de canções feitas em homenagem a John, Paul, George e... George Martin. Ringo, que acabou onipresente, ficou na concepção das baterias do disco. Mais uma solução não convencional do verticalizador de horizontes Lô Borges.
* Horizonte Vertical tem o patrocínio do Natura Musical, programa cultural da Natura de apoio à música brasileira. Foi selecionado pelo Edital Regional Natura Musical 2010, e conta com apoio da Lei de Incentivo à Cultura de Minas Gerais.
Faixa a faixa, por Lô Borges :
1. De Mais Ninguém : "Foi a música-piloto do disco. Entrei no estúdio com a banda completa e, três dias depois, resolvi optar por apenas dois músicos, além de mim. Estava definida a sonoridade do disco".
2. On Venus : "Mandei para o Ronaldo Bastos o mp3 com a melodia. Ele comentou que o jeito que eu cantarolava parecia que cantava em inglês, e escreveu a letra em inglês. Depois que eu e a Fernanda Takai colocamos as vozes no estúdio, tivemos absoluta certeza que o Ronaldo estava coberto de razão. “On Venus” era gringa mesmo".
3. Antes do Sol : "Esta música demorou trinta anos para ser feita. Comecei nos anos 80 e um dia, quando eu estava ao piano, "alguém" me cutucou e ela veio, inteira. Fernanda cantou comigo. Um pouco antes de mixá-la, quando achava que estava tudo pronto, inventei os vocais finais. Só aí ficou pronta. Aos 45 do segundo tempo”.
4. O Seu Olhar : "É uma balada inspirada no John Lennon. Foi o começo da parceria com a Patrícia Maês, minha esposa, naquela época, minha namorada. A letra é uma declaração de amor”.
5. Horizonte Vertical : "Um dia, eu e o Samuel ficamos uma tarde inteira, na casa dele, compondo uma canção. Já de saída, com a mochila no ombro, eu me lembrei de uma ideia para uma outra canção. Voltamos aos violões, mostrei o começo e ele emendou a segunda parte. “Horizonte Vertical” ficou pronta em uma hora" .
6. Xananã : “Liguei para a Fernanda Takai, convidando-a para cantar “On Venus” comigo. Ela aceitou e nesse dia lhe mostrei outras canções. Uma delas, “Xananã”, tive que mudar o tom, para ficar confortável para ela cantar. Na letra, meu único pedido é que mantivesse a palavra “Xananã”, que eu cantava desde o início”.
7. Da Nossa Criação : “Outra balada Beatle. A letra da Patricia Maês descreve exatamente a história da minha amizade com Bituca”.
8. Nenhum Segredo : “Samuel vive plugado no mesmo planeta que eu. Ele pode transformar um acorde numa música. Nesta parceria, eu cheguei com a harmonia e ele colocou logo a melodia, enquanto a gente tomava café, comia pão de queijo e os filhos jogavam bola, na casa dele".
9. Mantra Bituca : "Foi a primeira que compus ao violão. Estava em Santa Teresa, na casa da minha irmã. Dei o primeiro acorde e logo veio a palavra Bituca . É uma justa homenagem ao cara que me viu tocando, aos 17 anos, e me levou para gravar e dividir o álbum “Clube da Esquina” (1972). Na hora de colocar a voz guia - que ficou sendo a voz definitiva - acabei incluindo o nome do meu filho: Luca, Luca, Luca. Esta música é para eles: meu padrinho e meu filho. Aliás, depois que meu filho nasceu, todas as músicas que eu faço são para ele".
10. Quem Me Chama : "Foi a segunda feita ao violão. É meio mantra. A Fernanda Takai criou um vocalização extraordinária, totalmente atonal. Quando ouvi, pensei: ‘ Essa mulher sabe muito de música”
11. Você e Eu : "É uma canção de amor. Reflete bem uma relação, com suas alternâncias. Tem uma tensão no baixo e uma melodia calma. Pulsação densa e melodia doce".
12. Canção Mais Além : "É a música mais diferente. Falei para minha irmã que queria fazer uma música sobre a sensação de compor ao piano. Tem uma introdução, entra a melodia e, quando volta a melodia, eu mudei a harmonia e mantive, no canto, as mesmas notas da harmonia anterior. Um detalhe que muito ouvido bom vai demorar a perceber. Mas que Juliano, filho do Samuel, de doze anos, sacou de cara: "essa harmonia aí é muito louca".
Sobre o Natura Musical
É o programa da Natura de apoio à cultura brasileira, com foco em música. Lançado em 2005, beneficiou projetos de diferentes estágios e processos da música brasileira patrocinando mais de 150 projetos em todas as edições de edital público e seleção direta. Ao todo, 17 estados das cinco regiões do Brasil foram contemplados e mais de 600 mil pessoas beneficiadas.
“Reconhecemos a contribuição do trabalho do Lô Borges para a música brasileira, não por acaso que patrocinamos pela segunda vez um projeto dele. Este trabalho é um novo olhar sobre a carreira dele como músicas inéditas para piano, que acreditamos ser um marco de renovação na música popular brasileira”, fala Karen Cavalcanti, gerente de Marketing Institucional da Natura.
SERVIÇO
Lançamento do CD Horizonte Vertical, de Lô Borges
Local: Sesc Pompéia - Rua Clélia, 93 – Pompéia – SP / Tel.: (11) 3871-7700
Data: Dias 17 e 18 de novembro,quinta e sexta
Horário: 21h
Ingressos: R$ 20, R$ 10 e R$ 5
Capacidade: 344 lugares
Duração: 80 minutos.
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