6 de outubro de 2011

Felipe Morozini faz happening SANGUE PALAVRA PIANO BANANA na Zipper Galeria


Artistas de outros segmentos da arte participam de evento onde Felipe Morozini busca estabelecer uma conexão entre sua obra e o público espectador

Nesta sexta-feira, 07 de outubro, das 19h às 22h, na Zipper Galeria, Felipe Morozini promove um encontro entre artistas parceiros para o happening SANGUE PALAVRA PIANO BANANA. O evento celebra sua exposição Primeira Individual Retrospectiva, que está em cartaz desde 17 de setembro e foi prorrogada até 22 de outubro.

A proposta deste happening é gerar um estreitamento entre espectador e artista. Felipe Morozini revela outros trabalhos e laboratórios que tem desenvolvido, mas dessa vez, junto de outros colaboradores, que participarão diretamente. “Quero que o público possa se aproximar da minha realidade como se eu mesmo deslocasse o espaço do meu apartamento-ateliê para a galeria”, conta Morozini.

Durante cerca de dez anos, Felipe Morozini promoveu, em seu estúdio, encontros, reuniões, festas e, principalmente, o Residência na Residência - projeto em que um artista vive uma semana no estúdio de Morozini, imerso em processos criativos, com o intuito de desenvolver suas características artísticas, sua subjetividade, além de trocar experiências.

Para o happening, Felipe Morozini convidou Rodrigo Vasconcelos que vai tocar Jacques Tati ao piano. Isadora Krieger fará uma apresentação de poesia e Marina Matulja, que já esteve no Residência na Residência apresenta a performance Baú de Luz e Sonho (http://www.youtube.com/user/felipemorozini#p/u/22/mjIjerviqsE). Leandro Cardoso mostra sua pesquisa contemporânea sobre arte a partir de uma banana com o Projeto Arquivo Banana, que está na Mostra Panoramas do Sul, no Sesc Belenzinho.

Outra a compor o casting de convidados para a noite desta sexta-feira na Zipper Galeria, Kika Ortiz, faz uma apresentação baseada na vida de Elizabeth Bárthory, condessa húngara ganhou notoriedade por uma suposta série de crimes hediondos que teria cometido por conta de sua obsessão pela beleza. Consequentemente, ficou conhecida como "A condessa sangrenta" ou "A condessa Drácula".

Primeira Individual Retrospectiva
Primeira exposição de Felipe Morozini, em cartaz desde 17 de setembro na Zipper Galeria, em São Paulo. Nela, o multiartista apresenta imagens que tem capturado em 10 anos como fotógrafo. Primeira Individual Retrospectiva não é apenas uma exposição fotográfica. “Nela, desejo me expor em nome de uma experiência maior, sensorial”, reflete.

São cerca de 50 obras, em que cada original ainda conta com tiragem de cinco edições. Felipe Morozini retrata expressões da cidade e de pessoas. Seu suporte é basicamente a fotografia, mas também utiliza colagens, pinturas, recortes, decalques antigos, e adesivos, sempre trabalhando a mão livre, para formatar peças de 1,5 x 1 metro, em média.

Felipe Morozini por Paula Braga, 2010.
(São Paulo, 1975).
Vive e trabalha em São Paulo.

É tudo verdade. Num prédio da Avenida São João, em São Paulo, um homem de corpo dourado e cabelos grisalhos todos os dias senta-se na varanda para olhar uma coleção de relógios. No outro prédio, todas as manhãs uma mulher bate bifes com um martelo de carne, no mesmo ritmo do sexo bruto que vive todas as noites. Um cachorro toma sol numa varanda cujo piso é trocado frequentemente: de ardósia para lajota para cimento.

Um homem jovem numa janela segura uma câmera e diariamente invade em zoom a vida dos vizinhos, registrando esses hábitos e mazelas. Depois, analisa as imagens e acha pedaços de poesia inintencionais. Amplia então a fotografia de uma mulher nua, numa área de serviço cujas paredes são deliciosamente gastas pelo tempo. Ela segura um espelho, que reflete seu bico do seio. O acaso tem uma face erótica, revela a fotografia de Felipe Morozini. Que o artista tenha escolhido a luz, o dia em que roupas coloridas formavam uma curva na parede cinza, e tenha esperado o corpo da mulher repetir a linha escura vertical que centraliza a composição. Aceito. Mas não foi ele quem mirou o espelho para o mamilo no instante certo. Foi o acaso. Extrativismo estético auto-sustentável: o fotógrafo colhe migalhas do belo que existem naturalmente no mundo real.

Voyeur, invasor, redentor da fealdade do campo urbano, Morozini admite a parceria com o acaso na construção do coeficiente de arte de suas fotografias. Como definido por Marcel Duchamp, “o coeficiente artístico é como que uma relação aritmética entre o que permanece inexpresso embora intencionado e o que é expresso não intencionalmente.” Felipe Morozini, assim, trabalha como artista e espectador de sua obra: clica intencionalmente e depois amplia o que não foi intencional. Talvez seja essa a fórmula da beleza convulsiva de suas fotografias do cotidiano paulistano, como “Noiva do Vento”, uma sequencia de quadros na qual uma cortina branca escapa da janela e abre-se toda para os carinhos do vento, liberada.

Felipe Morozini é bacharel em direito e há anos trocou a toga pela máquina fotográfica, com a qual desenvolve, além de seu trabalho artístico, fotografias para revistas e catálogos de moda. A cenografia é outro campo de atuação para esse artista que não sabia que era artista porque não acredita que existam não-artistas. Há arte nos gestos mais banais, na vida comum emoldurada pelas janelas que se debruçam para a Avenida São João.

Happening SANGUE PALAVRA PIANO BANANA @ Zipper Galeria
Sexta-feira, 07 de outubro de 2011, das 19h às 21h

Primeira Individual Retrospectiva, de Felipe Morozini @ Zipper Galeria
Período expositivo: 19 de setembro a 22 de outubro
Rua Estados Unidos, 1494, São Paulo/ SP
Telefone: (11) 4306-4306
Zippergaleria.com.br
Segunda-feira a sexta-feira, das 10h às 19h/ sábado, das 11h às 17h
Grátis/ Livre

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