Noite de estreia em plena segunda-feira traz o público de São Paulo para conhecer “Minhas Sinceras Desculpas”, monólogo de Eduardo Sterblitch.
Abrem-se as cortinas e lá está Eduardo, de pé com um grande sorriso que permanece por segundos. Logo uma voz cita o poema “E agora José?” de Carlos Drummond de Andrade, ao tempo que tal sorriso se desfaz levando a expressão do personagem à seriedade.
O monólogo representa um ator frustrado, que mesmo acreditando que a plateia merece coisa melhor, ainda sente a necessidade de expor suas próprias tensões.
De maneira simples e irreverente traz assuntos pouco debatidos em pauta. Diferencia seus trabalhos e prova sua diversidade na dramaturgia, mostrando a outra face que possui.
Em momentos como esse surge no palco uma banda composta por grandes músicos, como o guitarrista Marcinho Eiras, o cantor Dom Paulinho Lima e Luiz Claudio Faria, que entram em cena junto com imagens de curtas-metragens, entre falas do ator complementando a encenação. Segundo Eduardo, é uma maneira irônica de suprir o público. A banda toca uma trilha com clássicos de Marvin Gaye e os vídeos exibidos foram feitos por estudantes de cinema, a fim de abrir espaço para jovens cineastas.
A ironia do ator já se faz presente no próprio título da peça: “Minhas sinceras desculpas”. Eduardo explica em cena que esse título já serve para se desculpar das pessoas que esperam mais do mesmo em seu monólogo.
Grande parte do público ficou incomodada com os assuntos abordados no espetáculo, pois foram assistir com a ideia formada de que iriam rir muito e que veriam algo bem parecido com stand-up ou uma peça teatral de comédia. E assim muitos foram para casa sem entender o contexto por conta dessa ideia imediatista. Quando na verdade o monólogo foi feito para a reflexão do público, criticando a atitude passiva dos consumidores da cultura.
Por Nayara Konno
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