BASEADO NA OBRA DE IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO, ‘O MENINO QUE VENDIA PALAVRAS’ ESTREIA 19 DE AGOSTO NO ESPAÇO SESC
Com direção de Cristina Moura e dramaturgia de Pedro Brício, o espetáculo tem no elenco Eduardo Moscovis, Pablo Sanábio, Letícia Colin, Renato Linhares, Luciana Fróes e Raquel Rocha
Parietal, Tetragonóptero, Catáfora, Epísio, Nacele, Gorgolão, Hoste, Matroca, Alforje. Alguém aí sabe o que isso quer dizer? Está aberta a temporada de caça aos significados. Para encontrá-los basta consultar ‘O menino que vendia palavras’. Ele pode não ter as respostas, mas seu pai, que é “o homem mais inteligente do bairro”, com certeza sabe. Eles estarão com a turma toda no Espaço Sesc, a partir de 19 de agosto e ficam somente até 10 de setembro. O negócio é correr para lá com as dúvidas e algo no bolso, afinal o menino, que não é bobo nem nada, aprendeu que as palavras têm o seu “valor”. Vale um chiclete, uma bala, sorvete, até mesmo fotografias de um navio de guerra. O que não pode é sair de lá sem as respostas.
Eduardo Moscovis, Pablo Sanábio, Letícia Colin, Renato Linhares, Luciana Froés e Raquel Rocha formam o elenco do espetáculo ‘O menino que vendia palavras’, baseado no premiado livro de Ignácio de Loyola Brandão. Pedro Brício assina a dramaturgia da peça - que tem classificação livre - destinada a todas as idades. A direção é de Cristina Moura, com colaboração de Mariana Lima. O projeto recebeu o Prêmio Sesc de Fomento à Cultura 2010 na categoria infantil e foi selecionado pelos editais Eletrobrás e Oi Futuro deste ano. A Bradesco Seguros apresenta nacionalmente o espetáculo. Co-patrocínio da MULTITERMINAIS.
Vencedor do prêmio Jabuti de 2008 como melhor livro de ficção, ‘O menino que vendia palavras’ conta a história de um menino (Pablo Sanábio) que tem muito orgulho de seu pai (Eduardo Moscovis), um homem culto, inteligente, que conhece as palavras como ninguém. Se os amigos do menino querem saber o significado de alguma palavra, é ao pai dele que sempre recorrem. A curiosidade das crianças é tão grande que o menino logo percebe: e se começasse a negociar o significado das palavras?
Para escrever esta história, o jornalista Ignácio de Loyola Brandão se inspirou em sua própria infância, na cidade de Araraquara, interior de São Paulo, nos anos 40. Seu pai, assim como o pai do personagem do livro, era um apaixonado pelas palavras que conseguiu formar uma biblioteca com mais de 500 volumes. Segundo Ignácio conta, foi o pai quem o incentivou a ler desde que foi alfabetizado. E revela outra verdade: sim, ele chegou a trocar com seus colegas de classe palavras por bolinhas de gude e figurinhas.
No palco, os atores podem ser crianças, adultos, gigantes, bichos, em um fascinante jogo de faz de conta. Na transposição para teatro, o espetáculo foi sendo construído em um processo colaborativo, inclusive a própria versão final do texto. “Tive que escolher, selecionar, editar, rearrumar e também criar a partir de uma enorme quantidade de material cênico, desenvolvido durante os ensaios”, explica Pedro Brício. Ele revela que manteve o foco da adaptação na descoberta das palavras, o que considera uma aventura que propicia grande prazer intelectual e emotivo. Pedro pôs em primeiro plano ainda a relação afetiva com o pai, passando da admiração à percepção de que ele é um cara normal, que também não sabe certas coisas.
A força do livro foi o grande estímulo para Pedro e Cristina Moura no momento da criação. “Inventamos mais estórias, cenas, personagens, mas a narrativa que conduz o espetáculo e os conflitos principais são os do livro. Gosto muito da liberdade, da imaginação, da força que o menino descobre quando se aventura pelo universo das palavras, exalta Pedro. “O espetáculo discorre também sobre a vida, com todas as suas maravilhas e incompreensões. No mundo contemporâneo e tecnológico não se pode esquecer da maravilha que é ler um livro!”, complementa Cristina.
Lidar com o universo infantil foi outro desafio estimulante para Cristina, que buscou alcançar o lúdico sem ser infantilóide, incluindo adultos e crianças num imaginário comum. Pedro Brício acredita que o espetáculo é feito para todas as idades e criou pensando nas crianças, nos pais, nos avós. Para ele, é fundamental o prazer da descoberta e a diversão, sem perder de vista a possibilidade de pensar, de trabalhar intelectualmente.
A montagem de ‘O menino que vendia palavras’ tem forte apelo imagético, uma opção da diretora, que acredita em um teatro interdisciplinar, que transita entre corpo, texto, imagem, pensamento. “Aqui todas as disciplinas se combinam para promover essa viagem teatral, há a tentativa de contar algo com palavras e com imagens, da mesma maneira que funciona o pensamento narrativo de uma criança, habilidade que perdemos à medida que vamos crescendo”, explica Cristina.
A cenografia assinada por Vera Hamburger tem como base uma espécie de “biblioteca”, com cerca de 3000 livros, mas também lida com elementos diversos e conta ainda com a colaboração do artista plástico Franklin Cassaro, que desenvolveu um de seus infláveis performáticos especialmente para a peça. “Queríamos retratar a cabeça do pai como uma forma inflável que receberá projeções de imagens referentes ao que estaria contido como memória e construção de uma personalidade a todos nós muito importante: a cabeça de um pai universal e justamente aí pensamos no Franklin”.
Outro elemento cênico importante é uma bicicleta. Vera trabalhou com o conceito de pluralidade, utilizando-a de várias maneiras. Ora ela é uma banca de troca/comércio, ora é o veículo que possibilita a viagem pelas palavras. A ideia principal é lidar com objetos cotidianos e atribuir a eles diversos significados, investindo também na interatividade, concebendo o cenário como uma instalação, que terá livre acesso do público após o espetáculo.
O trabalho de Vera se complementa e dialoga com as criações de Paola Barreto, que concebeu as intervenções em vídeo levando em conta o lado lúdico da imagem, de lanterna mágica, brincadeira de sombras. Para essas projeções, serão usadas três telas, que se revelam ao longo da peça, não estando à vista no primeiro momento. Foram criados vídeos para a cena, com técnicas variadas, além de animações em stop motion, algumas gravações em estúdio e uma edição de milhares de imagens que já existem, em uma mistura de processos artesanais e digitais.
Os figurinos de Thanara Schonardie estão de acordo com o espírito colaborativo do projeto. Ela conta que foi convidada a experimentar, a criar roupas para personagens que se encontram em constante trânsito entre imaginação e realidade, ator e personagem, criança e adulto, palco e plateia. “Pode-se dizer que esse figurino nada mais é que um experimento. Como ele não seria criado em cima de um texto pronto, mas das vivências diárias nos ensaios, as ideias foram sobrepostas como as páginas de um livro que não tem fim”.
Em cena, surgem super-heróis vestidos de utensílios domésticos, gigante com cabeça de bolas infláveis, ou pompons de lã. Thanara estimula a imaginação, a liberdade de conceitos e formas e o exercício de intuir como criança, sem procurar sentidos, apenas agindo, construindo pelo sentimento. A figurinista concebeu uma proposta de retirar toda a cor e iniciar a história como páginas em branco a serem coloridas aos poucos, além de utilizar camadas de materiais diversos, tons foscos e brilhantes, formas simples e abstratas.
A ficha técnica é complementada com Tomás Ribas (iluminação) e Domenico Lancelotti e Pedro Sá (direção musical/trilha sonora original), que criaram todas as canções especialmente para o espetáculo. ‘O menino que vendia palavras’ faz parte do Circuito Cultural Bradesco Seguros, que apresenta para o público brasileiro um calendário diversificado de eventos artísticos com espetáculos nacionais e internacionais de grande sucesso, em diferentes áreas culturais como dança, música erudita, artes plásticas, teatro, concertos de música, exposições, etc.
PRÊMIO SESC DE FOMENTO À CULTURA
O Prêmio Sesc Rio de Fomento à Cultura, uma parceria entre o Sesc Rio e a L21 Conteúdo, do empresário de mídia e entretenimento Luiz Calainho, visa a movimentar o setor cultural do Estado do Rio de Janeiro premiando projetos inéditos em diversas categorias (na primeira edição foram dez no total). Um incentivo não só com verba para a produção, mas também com infra-estrutura e mídia, elementos tão importantes e necessários para o sucesso de uma produção.
‘O menino que vendia palavras’
Estreia – 19 de agosto (sexta-feira), às 10h30
Temporada até 10 de setembro
Horários:
Quintas e sextas – 10h30
Sábados – 14h e 17h
Domingos – 17h
Esp Espaço SESC (Arena)
Rua Domingos Ferreira, 160 – Copacabana
Tel: (21) 2547-0156
Pr Preços: R$ 20,00 / R$ 10,00 (meia) / R$ 5,00 (associados)
Clas Classificação etária: livre
Nenhum comentário:
Postar um comentário