O Anima Mundi nunca foi apenas uma mostra de filmes. Oficinas, workshops, performances, encontros, fóruns e debates fizeram do festival um dos principais eventos do calendário audiovisual brasileiro e o consagraram como a grande vitrine para a produção de animação nacional e internacional. É com a experiência de quase duas décadas em atividade que o Anima Mundi chega à 19ª edição com fôlego de iniciante. De 15 a 24 de julho, o festival toma conta do Rio de Janeiro, no Centro Cultural Banco do Brasil, Centro Cultural Correios, Casa França-Brasil, Odeon BR, Arteplex Botafogo e Oi Futuro Flamego e Ipanema, e segue para São Paulo, entre 27 a 31 de julho, no Memorial da América Latina, Centro Cultural Banco do Brasil, Espaço Unibanco Augusta e Cine Livraria Cultura.
Mais uma vez, as inscrições bateram recordes: cerca de 80 países se inscreveram, em mais de 1300 curtas e longas. Os diretores do festival, Aída Queiroz, Cesar Coelho, Lea Zagury e Marcos Magalhães, selecionaram 421 filmes de 44 países para as mostras principais. Depois do Brasil, que comparece com 77 produções, seguem França, com 58, Reino Unido (40), Estados Unidos (31), Alemanha (18), Canadá (14) e Rússia (13). Ainda completam a lista países como Taiwan, Grécia, Lituânia, Mônaco, Letônia, Colômbia, Índia, Israel e Estônia.
Da improvável Estônia vem também toda a programação visual do festival. O animador estoniano Priit Pärn, convidado especial da edição 2009, criou o conceito de todas as peças gráficas do Anima Mundi 2011: logo, cartazes, catálogos e produtos.
No ano em que a animação ‘Rio’ – dirigida pelo brasileiro Carlos Saldanha – alcançou milhões de espectadores e destacou o país mundo afora, nada mais justo do que homenagear e convidar o diretor para a mostra. Freqüentador do festival desde a sua primeiríssima edição,Saldanha terá um Papo Animado dedicado aos seus trabalhos e também participará de um dos debates do VI Anima Forum, série de encontros que debate os rumos e as novidades do mercado.
Composto de quatro mesas, o forum discutirá temas como as dificuldades de um bom roteiro, os desafios da animação brasileira e as relações entre estúdios e animadores. A palestra de Saldanha (‘Rio – Quadro a Quadro’) vai abordar detalhadamente todos os passos necessários para se realizar uma superprodução animada, da concepção ao lançamento em escala mundial. O encontro coroa o amadurecimento da animação brasileira e prepara o terreno para se investir nesta modalidade de produção bem mais exigente em termos de preparação, estrutura e investimento.
O tema também será debatido na mesa de abertura: ‘PPA - Parcerias Público-Animadas’, composta pelos protagonistas de uma união que revolucionou o setor no Brasil nos últimos anos: o poder público, as produtoras de animação, a comunidade de animadores e o Anima Mundi. A proposta é discutir a manutenção desta nova indústria de animação vigorosa que se estabelece no país, como aperfeiçoar, inovar e expandir a partir do que se conquistou.
Quem também vem trocar experiências com o público brasileiro é o americano David Daniels. Conhecido pelo trabalho em diversas vinhetas publicitárias e clipes musicais (como em ‘Big Time’, de Peter Gabriel), ele falará sobre uma técnica criada e desenvolvida por ele, a strata-cut animation, em que anima os vários cortes de um mesmo bloco de massinha.
Já a também americana Miwa Matreyek mostrará porque é um dos nomes mais disputados por renomados festivais de arte internacionais. Posicionada entre duas telas que exibem seu filme de animação projetado, Miwa interage com as imagens e mescla os conceitos de animação, teatro e artes visuais. Ela vai apresentar sua performance (de cerca de dez minutos) em algumas sessões por dia, em dias alternados.
Para conhecer seus trabalhos:
David Daniels – http://www.youtube.com/watch?
Miwa Matreyek – http://www.youtube.com/watch?
As ‘visitas’ internacionais deste ano se completam com as presenças do diretor de arte Thomas Cardone e de Ryan Woodward. Enquanto Cardone falará sobre todo o planejamento, o design e a execução do longa-metragem ‘Rio’, Woodward (‘Spider-man’, ‘Ironman 2’) dará umaMaster Class abordando o processo de criação de storyboards e animatics para curtas e longas.
As novidades continuam com a inclusão de uma sessão de terror na mostra competitiva de curtas, composta pelos melhores exemplares do gênero produzidos no último ano, e as mostras de animação chilena (Chilemonos) e outra com alguns episódios inéditos da série em stop-motion ‘Shaun the Sheep’, produzida pela Aardman. Já a competição de longas vai reunir quatro obras voltadas para o público infantil: ‘The Sandman and the Lost Sand of Dreams’ (França / Alemanha), ‘El Lince Perdido’ (Espanha), ‘Light of the River’ (Japão) e ‘Heart and Yummie’ (Japão).
Os diretores do festival ainda convidaram outros quatro longas, que integram as mostras não-competitivas. Entre eles, estão o brasileiro ‘Morte e Vida Severina’, inspirado no poema de João Cabral de Melo Neto, e ‘Chico e Rita’, primeiro longa de animação do diretor espanhol Fernando Trueba, co-dirigido com o desenhista Javier Mariscal e seu irmão, Tono Errando. A obra retrata a história de amor entre uma cantora e um pianista na Havana de 1948, com música do cubano Bebo Valdés e participação da cantora de flamenco Estrella Morente.
Fora das salas de cinema, as tradicionais oficinas (de técnicas como pixilation, massinha, areia, desenho, zootrópio e película) continuam a divertir crianças e adultos, travando o primeiro contato com a animação entre a maioria dos participantes.
Nas últimas duas décadas, o Anima Mundi sempre esteve conectado e atento às inovações tecnológicas e toda a sua interferência na forma de produzir animação. Prova disso é a longevidade dos concursos Anima Mundi Web, de 12 anos, e Anima Mundi Celular, com sete edições. Devido à permanente evolução dessas mídias, a partir do ano passado os dois concursos estão integrados em apenas um, o Anima Web & Celular. A votação pode ser feita no site do festival (www.animamundi.com.br).
A 19ª edição comemora também o décimo aniversário do Anima Escola, projeto pioneiro de capacitação na linguagem da animação, especialmente concebido para os professores de escolas públicas. Em algumas aulas práticas e teóricas, professores e alunos participam de um programa pedagógico durante o qual realizam filmes de animação.
Nestes dez anos, o projeto capacitou mais de mil professores da rede municipal carioca de ensino e se tornou Ponto de Cultura, atuando também na rede estadual. Sem falar na produção de centenas de filmes, que participam do Anima Mundi na mostra Futuro Animador e de outros festivais no Brasil e no exterior.
Concurso Água – Um prêmio inédito será dado aos vencedores do primeiro Concurso Nacional de Animação para Internet – CCBB, que tem patrocínio do Banco do Brasil e apoio da BRASILCAP. O concurso visa fomentar a realização de filmes de animação e o surgimento de novos roteiristas, animadores e diretores no Brasil, além de estimular o debate da sociedade em torno do tema – o desta edição é ‘água’ – a ser proposto aos competidores em cada edição. Os premiados serão conhecidos no encerramento da etapa carioca e os finalistas terão seus filmes exibidos nos telões externos do festival.
Programação, lista de filmes e informações sobre as edições anteriores:
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