“Egito em Obras: Expressões da Revolução” promove reflexão sobre o processo revolucionário em andamento no Oriente Médio.
Em meio aos confrontos com as forças contra-revolucionárias de Hosni Mubarak, que resultou em centenas de mortos e a sua queda como ditador, a Matilha Cultural conseguiu realizar o difícil trabalho de mapear um conjunto de ativistas revolucionários e iniciativas culturais independentes autênticas que pudessem traduzir o momento de agora e também algumas expressões artísticas que participaram do processo de resistência e levante do povo egípcio.
São manifestações que vão desde fotos de graffiti nas ruas até ações táticas de guerrilha de informação envolvendo video-arte, um apanhado de elementos e ações que demandaram inclusive um novo formato de exposição para a Matilha. Um formato que fosse capaz de se articular com programas de rádios on-line feitos especialmente, conversas em tele-conferência, realizar intervenções conjuntas entre São Paulo e Cairo, contextualizar os documentos seqüestrados do prédio do serviço de inteligência egípcio pelos revolucionários, além de debates, vídeos, filmes, fotos e etc.
"Poderia se chamar até de festival, mas também não é o caso. O 'work in progress' é um termo que inspira essa idéia de processo e que é capaz de abordar a ação participando dela. Foi o próprio resultado da pesquisa que demandou esse novo formato de exposição - que outra forma poderiamos falar de uma revolução que está em andamento?", adianta Demétrio Portugal, curador da exposição e diretor de programação da Matilha Cultural.
A primeira fase deste processo poderá ser vista, a partir de 29 de abril, na forma de fotos, vídeos e artes enviadas diretamente do calor dos acontecimentos. A Matilha, ao trazer este projeto, busca chamar atenção para a necessidade da luta pelos direitos e trazer um registro de um processo ativista, por meio de um intercambio entre centros culturais, ativistas e artistas do Egito e do Brasil, nesse momento que o povo egipcio está vivendo as transformações na sua maior intensidade. A abertura será durante o happy hour Mondo Cane.
Dia 17 de maio, no happy hour Aquecimento Central, tem inicio a segunda fase, com uma exposições de video-arte obras e vindas do Egito para dialogar com uma seqüência de conversas, tele-conferências e um ciclo de cinema com material do festival Medrar de Cinema Experimental do Cairo e uma programação de longas propostos pela Icarabe - realizador da Mostra Mundo Árabe e também Festival Imagens do Oriente.
Um dos destaques é o artista Aalam Wassef com um apanhado de vídeos e táticas de guerrilha de informação realizadas desde 2007 sob o pseudônimo de Ahmad Sherif. Altamente subversivos e satíricos, os vídeos mostram um unidade clara a partir da uma identidade estética. Por medo da repressão, Wessef destruiu todos os originais de seus trabalhos desse período só restando cópias dos vídeos na internet. Ele é um dos convidados para as conversas em teleconferência.
Representando a linguagem urbana foram trazidas as fotos compiladas e feitas por Maya Gowaily, uma jovem egípcia que lidera um projeto para documentar o graffiti feito para revolução. Percebendo que as intervenções criadas durante as revoltas estavam sendo rapidamente apagadas, ela criou a página Graffiti Revolution no Facebook www.facebook.com/graffitiegypt
O Instituto da Cultura Árabe, baseado em São Paulo, Brasil, é uma entidade civil, autônoma, laica, de caráter científico e cultural. Visa integrar, estudar e promover as várias formas de expressão da cultura árabe, antigas e contemporâneas, e encorajar o reconhecimento de sua presença na sociedade brasileira. Está aberto à participação de todos os que acreditam ser premente assegurar o respeito às diferenças.
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