Obra encenada pela primeira vez em outubro de 1962, é baseada em fatos reais. Texto dos mais polêmicos das obras de Dias Gomes, A Invasão foi proibido pelo AI-5 ficando engavetado até 1978. O espetáculo um drama intenso e amargo. O autor investiga causas e conseqüências dos nossos problemas sociais numa linguagem despojada e contundente e aponta soluções drásticas num país onde impera a desigualdade social e vive de politicagem.
Integrantes do elenco realizaram um processo de imersão para ajudar na composição dos personagens: eles visitaram prédios ocupados por sem-teto no centro da cidade de São Paulo e viram de perto a situação das famílias que ocupam estes imóveis. Em uma dessas construções, 150 pessoas moram de forma precária, com iluminação conseguida à base de “gatos” e um único banheiro para todos os moradores. Antes da ocupação, o prédio estava infestado de pulgas e era utilizado como abrigo para moradores de rua e ponto de consumo e tráfico de drogas. “Moradores de prédios vizinhos classificavam o prédio como uma verdadeira cracolândia vertical”, explica um dos atores.
O espetáculo
A marca registrada de Dias Gomes pode ser percebida já a partir da concepção do espetáculo. É dividida em cinco quadros e um ato, uma característica muito peculiar do autor em seus textos teatrais. “Ele escrevia desta forma porque gostava de explicar com minúcia a narrativa ao espectador. Isso é algo que ele trouxe de sua atividade como autor de novelas”, explica o diretor Antonio Netto. Segundo o diretor, a cenografia de A Invasão é composta por barras de ferro, que, de forma eclética, podem se transformar em andares de um prédio em construção, casas ou varais.
A peça é uma espécie de crônica ao Brasil depois de 1964. Dias Gomes quer alertar o povo da necessidade de ser independente. Seu teatro não busca divertir os burgueses. Compõe um painel da vida dos segmentos excluídos da sociedade, com seus sofrimentos e lutas, com a presença constante da opressão e o difícil processo de tomada de consciência de suas próprias condições. É um teatro de revolta, de amargura.
Um pouco da história da Favela do Esqueleto
O esqueleto era um prédio destinado a ser um grande hospital, mas as obras foram abandonadas na década de 30. Toda a área foi invadida, se tornando uma grande favela, que não só ocupava a estrutura, como todo o terreno. Por décadas aquela região ficou abandonada, mesmo depois da construção do estádio do Maracanã. A solução veio no governo de Carlos Lacerda onde a população foi removida. Anos depois, o prédio deu lugar a UERJ, que permanece no local até os dias de hoje.
Sobre Dias Gomes
Novelista, escritor e dramaturgo baiano (19/10/1922-18/5/1999). Um dos mais consagrados teatrólogos e autores de telenovelas do Brasil. Alfredo de Freitas Dias Gomes nasce em Salvador e escreve aos 15 anos sua primeira peça, A Comédia dos Moralistas, jamais levada aos palcos, porém premiada no Concurso do Serviço Nacional de Teatro em 1939. Sua primeira obra encenada, Pé de Cabra, de 1942, é montada por Procópio Ferreira e censurada pelo Estado Novo. Na década de 50 escreve radionovelas. Abandona o rádio em 1964, quando os militares invadem a Rádio Nacional com uma lista de subversivos que inclui seu nome.
Entre suas peças teatrais, a mais célebre é O Pagador de Promessas (1959), com versão em 12 idiomas. Adaptada para o cinema em 1962, por Anselmo Duarte, ganha a Palma de Ouro no Festival de Cannes. Participa do Partido Comunista Brasileiro por 30 anos. Em 1965, a peça O Berço do Herói, mais tarde transformada em Roque Santeiro, é proibida no dia da primeira apresentação. Estréia na Globo em 1969, com a novela A Ponte dos Suspiros. Entre seus sucessos na TV estão a novela O Bem Amado (1973) , que virou seriado entre 1980 e 1985, Roque Santeiro (1985/1986), Bandeira 2 (1971), O Espigão (1974) e Saramandaia (1976). Em 1983 perde a mulher, Janete Clair, também novelista, que sofria de câncer. Em 1991 é eleito membro da Academia Brasileira de Letras (ABL). Em 1995 passa por uma cirurgia para implantar pontes de safena. Morre em um acidente automobilístico em São Paulo.
Serviço
Temporada: 06 de maio a 04 de agosto de 2011
Horários: Sábados às 21h e Domingos 20h
Local: Teatro Coletivo - Rua da Consolação, 1623 – Sala 2
Estacionamento conveniado
Telefone: 3255-5922 (informações e reservas)
Lotação: 80 lugares Duração: 80 minutos Recomendação: 12 anos
Ingressos: R$ 20 (inteira), R$ 10 (meia entrada)
A bilheteria será aberta uma hora antes do espetáculo.
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