20 de outubro de 2010
Orquestra de Berimbaus do Morro do Querosene lança CD
A ideia de uma orquestra de berimbaus surgiu nos encontros informais que aconteciam na pracinha do Morro do Querosene, zona oeste da capital paulista, quando, ao cair das tardes de domingo, Dinho Nascimento – figura importante da capoeira e da percussão brasileira - e alguns amigos se reuniam para tocar, jogar e passar ensinamentos da capoeira aos mais jovens e outros recém-chegados. Hoje, formada por mestres, contramestres e professores de capoeira, além de músicos e pessoas da comunidade, a orquestra mostra os recursos e peculiaridades do berimbau e sua forte presença na nossa música.
Gravado com o apoio da Secretaria Estadual da Cultura, através de seu Programa de Apoio à Cultura – ProAC 18, o CD Sinfonia de Arame conta com berimbaus cuidadosamente afinados e agrupados em naipes - berimbau berra-boi e gunga (som grave), berimbau médio, berimbau viola e violinha (som agudo), berimbum (criação de Dinho Nascimento com som super-grave) tocado com arco de violoncelo e berimbau de lata tocado com arco de rabeca. Vozes entoam os versos das ladainhas, corridos, chulas, samba e samba-de-roda. Instrumentos como o guimbarde ou trump (berimbau de boca), kalimba, caixa do divino, tambor de língua e de barrica, agogô, pandeiro, reco-reco, ganzá, triângulo, atabaque, matraca e palmas completam a sonoridade.
Sinfonia de Arame abre com a música Toque de Mestre, de Dinho Nascimento, inspirada num toque de capoeira chamado Iúna que é usualmente jogado apenas por mestres e contramestres. Embala Água, domínio público, adaptação de Dinho de Nascimento, no ritmo barravento, é uma invocação a Santa Bárbara (orixá Iansã) onde a voz é acompanhada pelos berimbaus, atabaques, tambor de barrica, tambor de língua e efeitos. Amazonas, outro toque de capoeira, tem a participação da Orquestra de Tambores de Aço da Casa de Cultura Tainá, de Campinas, interior de São Paulo . Aquarela do Brasil, de Ary Barroso, é outro momento precioso do disco, que até engana os ouvidos mais experientes quando berimbaus em acordes dão a impressão de instrumentos convencionais. Puxada de rede, canção de domínio público, também com adaptação de Dinho Nascimento, é, segundo ele, uma ópera que retrata o cotidiano de antigos pescadores. Samba de roda, manifestação popular que saiu dos terreiros e ganhou a cidade, é outro momento sedutor que transmite alegria descontraída e sugere a dança. O Cd fecha com uma atípica releitura do Hino Nacional Brasileiro.
Sinfonia de Arame tem um projeto gráfico inovador que promove acessibilidade ao deficiente visual. A obra tem texto escrito em Braille em sua capa e miolo do encarte.
O CD ainda tem as participações especiais do Quarteto Pererê na canção Peixinhos do Mar, Toninho Carrasqueira nas músicas Sertão de Caicó e Toque de Mestre, Orquestra de Tambores de Aço na música Amazonas e Tião Carvalho na toada Puxada de Rede.
Sinfonia de Arame é um disco diferente, de momentos musicais originais que provocam reflexões e emocionam.
Para ouvir o Cd acesse www.dinhonascimento.com.br/orquestradeberimbaus
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