6 de maio de 2010

Exposição em homenagem a Pelé resgata acervo inédito do jornal Última Hora


Centrais sindicais realizam exposição comemoração ao Dia do Trabalhador;
visitação será de 7 a 25 de maio, no Parque da Independência

O Dia do Trabalhador, 1º de maio, será comemorado durante todo o mês, em grande estilo e com ares de realeza. A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a Nova Central Sindical dos Trabalhadores no Estado de São Paulo (NCST) e a União Geral dos Trabalhadores (UGT) realizam, de 07 a 25 de maio, no Parque da Independência, em São Paulo, a exposição Futebol Majestade: Arquivo inédito do jornal Última Hora, que revela fotos inéditas do Rei Pelé, um dos maiores jogadores do futebol mundial, além de fotos marcantes do futebol em geral e capas históricas do periódico.

Uma parte do acervo vem do Arquivo Público do Estado de São Paulo, onde fica quase tudo o que diz respeito ao jornal Última Hora, principal fonte para esta exposição. E a outra, inédita, do acervo da família do jornalista Samuel Wainer, dono do Última Hora, reencontrado há cerca de cinco anos.

Para abrigar a exposição, será montada no local uma instalação de uma bola futebol (em 360º), com 18 metros de diâmetro. Serão apresentadas 42 fotos inéditas do Rei Pelé, um dos maiores jogadores do futebol mundial, descobertas no acervo do jornal, considerado um dos mais revolucionários que o Brasil já teve.

O acesso dos visitantes à mostra, que terá entrada gratuita, será feito por um túnel, que, para criar a sensação de um estádio de futebol, terá o som da torcida vibrando. A exposição tem apoio da Prefeitura da Cidade de São Paulo, Governo do Estado e Governo Federal. A expectativa das centrais é de que a exposição seja vista por cerca de 200 mil pessoas.

Depois de homenagear Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, em 2008; e o piloto brasileiro Ayrton Senna, em 2009, as centrais sindicais, que representam mais de 20 milhões de brasileiros espalhados pelo Brasil, decidiram reverenciar Pelé, revelando momentos do esportista e da seleção brasileira em quatro Copas do mundo: a de 1958, na Suécia; de 1962, no Chile; 1966, na Inglaterra; e 1970, no México. Fotografias de jogadas nacionais também não ficaram de fora: há flashes pipocando atrás do gol adversário; aspectos do cotidiano misturados à bola comendo a grama, ora no interior do país, ora no Maracanã.

Sob o comando do jornalista Samuel Wainer, o jornal Última Hora possuía uma linha editorial diferente e ousou ao enfocar no futebol e na linguagem fotográfica, algo até então pouco explorado e que ajudou a mudar o fotojornalismo brasileiro. O trabalho dos fotógrafos – muitos acompanharam a seleção brasileira em Copas do mundo – mostra um futebol lindo em preto e branco, com planos refinadíssimos, quadros muito apurados tecnicamente e de grande versatilidade e precisão.

Isso sem falar de “cliques” inéditos de Edson Arantes do Nascimento, o Rei Pelé que, na exposição, é flagrado, por exemplo, lendo de pijamas e tirando uma soneca. “Se pelo lado técnico os profissionais de fotografia eram mais limitados pelos equipamentos que usavam, o acesso que esses novos heróis da imprensa tinham com os jogadores e no campo era irrestrito. No arquivo há momentos de grande intimidade do jornal com os craques brasileiros, cenário impensado hoje em dia”, revela o curador da exposição, Fernando Costa Netto. Para ele, é muito importante também retratar momentos de Pelé. “Além de ser o maior jogador de bola de todos os tempos, Pelé é, provavelmente, o personagem mais fotografado da história do país”, complementa.

Para os presidentes da CTB, NCST e UGT, respectivamente, Wagner Gomes, José Calixto Ramos e Ricardo Patah, a exposição evidencia valores do Rei do Futebol, que este ano completa 70 anos, como força, garra, superação e orgulho de ser brasileiro, que são os combustíveis necessários para cada trabalhador superar os obstáculos cotidianos, sendo vitorioso todos os dias na busca por igualdade de oportunidades.

O público poderá ver, por meio das fotos, momentos ímpares de Pelé, como alimentando galinhas e caçando numa fazenda; passeando de bicicleta na Suécia, na época da Copa, com uma fã na garupa; com seu inseparável amigo de concentração: o violão; comemorando uma vitória santista no banheiro do vestiário, entre outras pérolas.

Revirando o baú
O curador da exposição, Fernando Costa Netto, explica que a pesquisa das fotos que irá ilustrar a exposição Futebol Majestade: Arquivo inédito do jornal Última Hora durou meses. Foram analisadas milhares de fotos e negativos avulsos que sobreviveram 50-60 anos; um acervo da família Wainer, reencontrado há cerca de cinco anos. A segunda parte do trabalho foi realizada na tela de um computador no Arquivo Público do Estado de São Paulo, onde fica quase tudo o que diz respeito ao jornal Última Hora, principal fonte para esta exposição. Lá estão 160 mil cópias fotográficas, cerca de 700 mil negativos, milhares de ilustrações e uma coleção inteira do UH. Boa parte está digitalizada e à disposição do público pela internet.

A exposição também valoriza o repórter fotográfico até então profissionais de segunda classe nas redações. Samuel Wainer criou o fotógrafo mensalista, que recebia por mês, registrado em carteira pela CLT. Antes disso, só se ganhava algum por “chapa” – como era tratada a foto antigamente –, como os profissionais “frilas” de hoje. “Os autores das fotos publicadas nesta mostra são alguns dos pioneiros do fotojornalismo esportivo brasileiro, profissionais que não assinavam seus trabalhos e dificilmente serão reconhecidos por esta ou aquela obra. Grande parte da autoria das fotografias deste arquivo, um dos maiores tesouros da imprensa brasileira, permanecerá anônima para sempre”, diz o curador .

Última Hora
A linguagem do Última Hora era empolgada, ágil. Tinha manchetes de impacto e o jornal apostava em temas que a grande imprensa da época minimizava, como futebol, polícia e direitos do consumidor. O UH teve vendas avassaladoras nos anos 1950. No dia do suicídio de Vargas, em 1954, vendeu 800 mil exemplares por todo o país. Manteve-se importante até o golpe militar de 1964. Com Samuel Wainer visto como comunista pelo regime, o jornal definhou até ser vendido em 1971, ano do “fim prático” do UH, embora o jornal tenha resistido mais alguns anos nas mãos dos novos donos, o Grupo Folha da Manhã.

SERVIÇO:
Exposição – Futebol Majestade: Arquivo inédito do jornal Última Hora
Local: Parque da Independência
Inauguração: 06 de maio, às 19h (para convidados)
Período da visitação pública: 07 a 25 de maio – entrada franca
Horário: 2ª a 6ª feira, das 9h às 17h
               Finais de semana – das 9h às 19h

Um comentário:

  1. Acabei de ouvir uma reportagem no "pulo do gato", da rádio bandeirantes, sobre a exposição em questão e procurei por fernando cota neto no google e achei vocês. Pergunto: quando vão postar também as fotos de "sua majestade". Lá no meu Ceará, na década de 60 era leitor do Última Hora.
    "Boa parte está digitalizada e à disposição do público pela internet.", segundo citação de vocês.
    Aonde posso ver este acervo?
    Abraços,
    Nascimento B. Monte

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