Expoente da cena curitibana, banda mostra faixas com influências que vão do pop ao disco punk
O punk renasceu. Não mais em espírito, agressividade, revolta, três acordes + needles & pins, mas em espírito do it yourself. Em Curitiba. E na forma de uma banda que trafega entre Cartola e Pixies com naturalidade de quem sabe que música boa é música boa, e não apenas um invólucro ou uma roupa. São indies sem usar barba e camisa xadrez. São punks sem necessidade de atacar o sistema. São pop radiofônico sem abrir mão da qualidade e das influências, que mais uma vez vão de Cartola a Pixies.
São os Sabonetes, que lançam CD homônimo neste mês de fevereiro. Ano que nem começou direito e já tem um candidato às listas de melhores daqui uns 300 e poucos dias. Na banda, Wonder Bettin toca guitarra, Artur Roman também empunha seis cordas mais o microfone, Alexandre (Cajá) tem as baquetas, e João Davi, as quatro cordas do baixo. Mas isso é em cima do palco ou no estúdio. Na casa deles, a sala é escritório, onde um edita vídeos, outro faz contatos para show, um terceiro cuida das economias e ainda sobra espaço para outro organizar a logística de turnês, estúdio, viagens etc. Porque eles querem assim. Porque eles sabem que eles só funcionam assim. E porque eles sabem que na atual realidade da música é só assim que funciona.
O disco foi gravado pelo baiano Tomas Magno, nos estúdios Toca do Bandido, no Rio, e Máfia do Dendê, em São Paulo. Com grana do suor da banda, que entra e é reciclada na íntegra em capital de giro. E nenhum dos quatro reclama disso. “A gente é o socialismo em forma de banda”, resume Artur. Como num socialismo à risca, os outros três concordam.
E quando deixam de ser empresa, agência, editora, partido político e o disco começa a rodar, são uma usina de hits. Duvida? Aperte o play. Adianto que “Nanana” é novo rock com pegada de punk 77, “Haicai” tem frescor de boa canção brasileira, “Descontrolada” é disco punk com flerte de new wave, “Hotel” tem cheiro de balada de estrada, numa rota que segue em 11 músicas e arremate de powerpop bem composto.
Provavelmente os integrantes discordarão ao ler essas avaliações.
Mas em uma coisa concordamos: independente do gênero e rótulo, por trás da parede de som está explícita uma banda que empunha instrumentos mordendo a parede, em uma pegada que os norte-americanos bem definem como “killer instinct”.
Mas em uma coisa concordamos: independente do gênero e rótulo, por trás da parede de som está explícita uma banda que empunha instrumentos mordendo a parede, em uma pegada que os norte-americanos bem definem como “killer instinct”.
E seguimos discordando e concordando. Afinal eles são punks. Não em aparência, mas porque fazem do jeito deles.
Texto por Luiz Cesar Pimentel
O álbum está disponível para download em: http://sabonetes.net/. Versão com encarte chega às lojas em 10 de fevereiro. Preço sugerido: R$ 20,00
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