24 de fevereiro de 2010

Norma Bengell em Dias Felizes no Teatro do SESC Ipiranga


A montagem de Dias Felizes, de Samuel Beckett (1906-1989), traz de volta aos palcos brasileiros o instigante texto escrito em 1960 pelo grande escritor irlandês e que trava um diálogo franco com os dias atuais. É ainda o espetáculo em que o encenador Emilio Di Biasi e o produtor Alexandre Brazil prestam um tributo a Norma Bengell, pois a história de Winnie, a personagem que interpreta, se fundirá à obra cinematográfica da atriz através de cenas que serão projetadas no espaço cênico do Teatro do SESC Ipiranga, onde a peça estreia em 5 de março, sexta-feira, a partir das 21h.

Dias Felizes tem ainda no elenco a participação especial de Ariel Moshe, como Willie. A tradução do texto é de Barbara Heliodora, direção musical de Demian Pinto, cenografia de Cesar Rezende, desenho de luz de Erike Busoni, figurino e visagismo de Kleber Montanheiro, trilha sonora e música original de Rodolfo Valente. A direção geral é de Emílio Di Biasi e a direção geral de produção de Alexandre Brazil, ambos responsáveis pela idealização do projeto. A gestão de produção é do Escritório das Artes.

O produtor Alexandre Brazil revela que “Emilio, Norma e eu queríamos montar um novo espetáculo após O Relato Íntimo de Madame Shakespeare (2007). Emilio sugeriu Dias Felizes, de Beckett – não por coincidência um texto que Norma Bengell sempre quis fazer. A dramaturgia de Beckett nos dava a chance de realizar o nosso desejo: que a encenação fosse também uma homenagem a Norma, pois permite que entre os sonhos e devaneios da personagem Winnie se encaixem pequenas cenas de alguns dos grandes momentos de sua carreira cinematográfica. Entre esses filmes estão: O Homem do Sputnik (1959, de Carlos Manga, sua estréia no cinema), Os Cafajestes (1962, de Ruy Guerra), O Pagador de Promessas (1962, de Anselmo Duarte), Noite Vazia (1964, de Walter Hugo Khouri), Os Deuses e os Mortos (1970, de Ruy Guerra), A Casa Assassinada (1971, de Paulo Cesar Saraceni), A Idade da Terra (1980, de Glauber Rocha), Rio Babilônia (1982, de Neville de Almeida) e Eternamente Pagu (1987, de Norma Bengell).”

Conselho ao público, por Emílio Di Biasi

Embarque nessa viagem plena de significados... Desde a protagonista de Beckett...

À trajetória de uma estrela de cinema... Subverta este clássico sem culpa...

Sabemos que Beckett será sempre mais forte... Resistirá sempre...

Sua palavra é rica em imagens... E em encontros fragmentados de nossa própria história...

Dias Felizes, por Barbara Heliodora

Poucos autores têm provocado debates tão sérios a respeito de sua obra quanto Samuel Beckett, desde a primeira montagem de “Esperando Godot”. Por outro lado, o próprio Beckett afirmou, muito claramente, que em sua obra ele não faz mais do que explorar as sonoridades das palavras que usa, e que se alguém quiser dizer que suas peças fazem mais do que isso, o problema é de quem cria tais interpretações, e não seu.

É difícil aceitar a irônica afirmação do autor, quando na seqüência de obras como “Godot” e “Fim de Partida”, culminando com “Dias Felizes”, ele apresenta um quadro sufocante de progressiva paralisia, meramente psicológica no clássico par de vagabundos, física em Hamm que não anda e  Clov que não pode sentar, e finalmente com Winnie, enterrada até a cintura no primeiro e até o pescoço no segundo ato. Por isso mesmo, “Dias Felizes” já foi considerada a mais pessimista das obras de Beckett, mas é impossível não admirar a resistência e até mesmo a alegria daquela mulher que se mantém viva, apesar dos pesares, e faz da rotina cada vez mais limitada de sua vida motivo de celebração, a despeito da condenação final.

Por sonoridades ou idéias, não há dúvida de que Beckett foi um dos maiores nomes do teatro no século XX, e que dialoga muito bem com o século atual



DIAS FELIZES - Serviço:


Estreia: 5 de março de 2010. Sexta, às 21h
Temporada: até 27 de março de 2010
Horários: Sextas, às 21h e sábados, às 20h

Local: Teatro do SESC Ipiranga
(Rua Bom Pastor, 822 - Ipiranga - São Paulo /SP)
Não possui estacionamento
Lotação: 200 lugares
Recomendação etária: 14 anos
Duração do espetáculo: 80 minutos

Ingressos: R$ 4,00 (trabalhador no comércio e serviços matriculado no SESC e dependentes), R$ 8,00 (usuário matriculado no SESC e dependentes, +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino) e R$ 16,00 (inteira). Aceita cartões de crédito: Visa, Mastercard e AmericanExpress. Cheque e dinheiro.
Horário de funcionamento da bilheteria: de terça a sexta, das 8h às 21h30; sábados, domingos e feriados, das 9h às 17h30.

Informações ao público: Tel: (11) 3340-2000, de terça a sexta, das 8h às 21h30; sábados, domingos e feriados, das 9h às 17h30, no site www.sescsp.org.br ou pelo 0800 118220.

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