6 de outubro de 2009

Núcleo 1408 traz aos palcos paulistanos um novo Calígula


Obra de Albert Camus ganha um novo olhar sob direção de Rui Xavier

Com estréia marcada para 17 de outubro, o Núcleo 1408 - Cia de Teatro e Invenção traz ao palco do Teatro Coletivo (antigo Teatro Fábrica) um novo olhar sobre a obra Calígula, de Albert Camus, Prêmio Nobel de Literatura em 1957. O espetáculo, que já teve diversas montagens, desta vez ganha o olhar do jovem diretor Rui Xavier, que há um ano vive o desafio de dar vida ao personagem polêmico do terceiro imperador romano e propõe uma reflexão política capaz de atingir diversos níveis de entendimento. É por meio da interpretação de Daniel Sommerfeld, mais uma vez dirigido por Xavier, e de outros nomes da Cia, que a tragédia se dá, em uma produção independente e não menos ousada que o texto que a sustenta.

A montagem trará à tona ingredientes tradicionais, como heroísmo, loucura, confronto e morte, mas é a paixão, e não aquela da sede de amar, e sim aquela pelo impossível, que faz de Calígula um espetáculo movido por uma loucura respeitável. “Calígula é um homem que se revolta contra a própria vida, ele crê que os homens morrem e não são felizes e luta contra isso. É de sua força e paixão para ir contra tudo que a vida propõe que há muitas possibilidades de reflexão”, explica Rui Xavier.

A peça
Parte da perda de um amor proibido: Drusilla, irmã e amante de Calígula, morre. É quando um príncipe relativamente amável, tomado por uma espécie de loucura, irrompe em cena para expressar seu desejo pelo impossível: ter a lua para si (o mesmo que a felicidade ou a vida eterna). Suas atitudes são delineadas pela violência e horror, pela recusa de sentimentos como amizade e amor e, ainda, pela perversão sistemática que faz com que os senadores que o rodeiam, voltem-se contra ele em uma trama de assassinato que termina em uma espécie de suicídio superior. “Ele (Calígula) deseja ser morto, está consciente que suas atitudes o levarão para isso, e a violência e a loucura das suas ações, que nos impressionam tanto, são para ele uma estratégia”, completa o ator Daniel Sommerfeld.

Além da cúpula que trama sua morte, Calígula tem em sua defesa o escravo liberto e a velha amante resignada. Neste contexto, ainda dividido, o poeta.
Serviço

Peça: Calígula
Local: Teatro Coletivo (antigo Teatro Fábrica) – Rua da Consolação 1623 – Tel. 3255-5922
Estréia: 17/10/09
Apresentações: Sábados, às 21h, e domingos, às 20h
Ingressos: R$ 30 (inteira), R$ 15 (estudantes, idosos e classe)
Duração: 120 minutos
Classificação etária: 18 anos

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